quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Bitcoin: o que é?

Os bitcoins, também conhecidos como moedas virtuais ou criptomoedas, foram criados em meio à crise econômica de 2008 e ganham adeptos, investidores e mineradores diariamente.
A moeda surgiu após a publicação de artigo científico que defendia o protocolo de chave pública aberta como sistema de pagamentos. Sem um órgão regulador, essas transações sem intermediários são conhecidas como peer to peer (P2P). Dessa forma, quantias da moeda virtual podem ser transferidas entre computadores ou smartphones sem intermédio de instituições financeiras.
Atribuída ao programador japonês Satoshi Nakamoto, a criação do bitcoin é ainda controversa. Há quem acredite que ele é apenas um entre vários desenvolvedores responsáveis pela criptografia, que prefere o anonimato. A revista norte-americana Newsweek descobriu que Nakamoto existe e detém a maior quantia de bitcoins do mundo, estimada em milhões de dólares. Mas ele afirmou em entrevista que não atua mais na rede.
Como funciona?
O protocolo de chave pública, ou chave assimétrica, é um modelo criado na década de 1970 e o precursor das transações bancárias como são conhecidas hoje. As redes como bancos e lojas virtuais, por exemplo, possuem todas as informações dos clientes em um sistema que funciona com bancos de dados armazenados pelo protocolo de chave pública. Para ter acesso à sua conta corrente pela internet, ou finalizar um pedido de compra, no entanto, o cliente precisa ter uma chave privada, a senha. Nem mesmo o emissor da mensagem pode alterar essa informação uma vez criptografada, apenas quem detiver a chave privada.
A criptografia utilizada com os bitcoins segue esse princípio. Ou seja – os bitcoins estão disponíveis em toda a rede, porém só podem ser visualizados por quem possui acesso aos cálculos que decifram a criptografia de cada uma das moedas emitidas.
Tais soluções para as sequências numéricas são responsáveis por toda a movimentação monetária nesse sistema. Os cálculos são feitos por computadores em rede que utilizam o software específico para resolver as equações criptografadas. Esses computadores são chamados “nós de rede” e funcionam pelo sistema P2P, sem intermediários. Eles trabalham no processamento dos códigos e buscam dentro dos algoritmos o tempo certo para “quebrar” a sequência – é nesse momento que aparece o bitcoin.
O sistema criptografado é complexo e descentralizado visando justamente garantir a segurança aos donos de bitcoins. Todos os dados passam pelos nós de rede e devem coincidir com a criptografia pré-determinada, caso contrário, são barrados. Ou seja, graças à complexidade dos códigos, a chamada “carteira virtual” só pode ser usada pelo dono e não é possível haver duplicação de gastos ou ganhos em bitcoins.
A escassez do bitcoin no mercado torna a moeda valiosa. Por isso, ela é comparada ao ouro e o processo para adquiri-la é chamado de mineração.
É possível minerar bitcoins com um desktop doméstico, porém, os gastos com energia elétrica para permanência do computador ligado superam os ganhos obtidos com a criptomoeda. É preciso ter placas de hardware potentes para processar as informações com a velocidade necessária, com circuito integrado específico para identificar os intervalos produzidos pelo software. E a própria rede aumenta gradativamente a complexidade dos cálculos, de acordo com o aumento da base de usuários, moedas e transações.
Hoje, já é possível fazer pagamentos de diversos produtos e serviços via bitcoins, assim como saque em dinheiro local. Há caixas eletrônicos em diversos países, inclusive no Brasil, e muitos turistas já aderiram à moeda, que não é taxada quando é feito o câmbio em outra localidade. Graças ao bitcoin, o australiano Julian Assange, criador do Wikileaks, pode receber doações após o decreto do governo norte-americano que proibiu qualquer contribução financeira destinada a ele.
O outro lado da moeda
Sem uma instituição central ou entidade administradora e por não sofrer variações diante da inflação, os bitcoins ganharam adeptos. Além disso, as taxas de transferência e uso são ínfimas quando comparadas ao padrão utilizado por bancos e demais órgãos. É uma moeda autônoma e livre de influências de governos e fronteiras.
Se por um lado, a descentralização do controle monetário é positiva, por outro, apresenta riscos. Um deles é o valor dos bitcoins, instável em períodos de maior mineração e voláteis de acordo com oferta e demanda. Desde a sua criação, a moeda já apresentou valores entre US$ 0,06 e US$ 1.100, mantendo-se atualmente no patamar de US$ 520.
O sistema também permite que transações sejam feitas de maneira anônima, o que muitas vezes é utilizado para pagamentos de atividades ilegais, como tráfico de drogas e armas. Conhecida por oferecer serviços do tipo, a Deepweb – rede com informações da internet não acessíveis por meio de navegadores padrões – efetua transações por meio da criptomoeda.
Alguns entusiastas criaram pools de bitcoins – como clubes de investimentos no qual há máquinas conectadas e aumentando o poder de processamento de dados. O garimpo virtual, no entanto, acaba disponibilizando os ganhos em apenas uma carteira e cabe ao proprietário redistribuir aos envolvidos, o que representa um risco, pois ignora o sistema P2P.
Também é possível comprar bitcoins ao invés de minerar, por meio de casas de câmbio específicas. No entanto, nem sempre esse tipo de aquisição é seguro. Foi o que aconteceu com a MtGoX, uma das maiores prestadoras de serviço do mundo, que encerrou as atividades e declarou falência. Na ocasião, a empresa alegou que hackers invadiram sua rede e roubaram o equivalente a um bilhão de reais.
Outra questão a ser levada em conta antes de investir em bitcoins é a maneira como os países exigem a declaração no imposto de renda. No Brasil, a criptomoeda é considerada um ativo financeiro pela Receita Federal e, mesmo sem regulamentação específica, valores acima de mil reais devem ser declarados. O mesmo se vê em países como Estados Unidos e Inglaterra.

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